top of page

O Patrono

Voltar

José Valentim Fialho de Almeida, Patrono da Escola, nasceu em Vila de Frades, no Baixo Alentejo, a 7 de Maio de 1857 e morreu na vila de Cuba (Baixo Alentejo), a 4 de Março de 1911. Filho de Valentim Pereira de Almeida (natural da Vila de Oleiros - Beira), e de Maria da Conceição Fialho (natural de Vila de Frades). Seu pai, mestre de escola ensinou-lhe as primeiras letras, isto é, até à 4ª classe. Foi um tempo difícil porque filho de professor tinha obrigação de ser superior aos outros, não podia ser criança como as outras.

 

Em 1866, com 9 anos, foi para Lisboa, para o Colégio Europeu fazer os estudos elementares, que seguiu regularmente até 1872. Deste período escreve: "Fui bom estudante sempre, e uma criaturinha triste e sossegada - duas razões que, acumuladas com a de meu pai nunca vir da província, visitar-me, e de por sua pobreza não poder mandar presentes bons ao diretor, me valeram cinco anos de privações e de maus tratos, e uma resistência aparentemente submissa e tímida de orgulho, que pela vida fora tem sido a minha bela independência e a minha força" (in À Esquina).

 

Em 1872, vê-se forçado, por circunstâncias de vida económica, a deixar o Colégio e a empregar-se como praticante de farmácia. Daqui em diante torna-se estudante trabalhador mas com menos facilidades do que hoje. Frequenta a Escola Politécnica e, depois, matricula-se na Escola Médico-Cirúrgica, onde, em 1885, acaba o curso de medicina. Fez um curso medíocre por que outros valores mais altos se levantavam - lança-se literariamente com seus contos e crónicas, primeiro nos jornais provincianos, depois nos de Lisboa.

 

Funda em 1880 a revista A Crónica, publicando vários artigos com o pseudónimo de Valentim Demónio. Colabora em vários jornais e revistas, destacando-se o jornal Novidades, O Repórter, Pontos nos II, Correio da Manhã, etc. Publica o primeiro conto em 1881, dedicando-o a Camilo Castelo Branco. As suas obras podem ser divididas em duas partes: Obras polémicas – Pasquinadas (1890), Vida Irónica (1892), Os Gatos (6 vols., 1889-1894), Livro Proibido (em colaboração, 1904), etc. E ficção – Contos (1881), A Cidade do Vício (1882), O Pais das Uvas (1893), etc.).

 

Bibliografia: In Memoriam de Fialho de Almeida, Porto, 1917. Vila-Moura, Fialho de Almeida, Porto, 1917. Raul Brandão, Memórias, vol. I, 2ª ed., Porto, 1919. Jacinto Prado Coelho, introdução à antologia Fialho de Almeida, Lisboa, 1944. Clementina Ferreira de Sousa, Fialho de Almeida e as artes plásticas, Lisboa, 1954. Mendes dos remédios Castelo Branco, «A expressão do cómico em Fialho de Almeida», em Ocidente, vol. LX, 1961. Clara Rocha, As Máscaras de Narciso, p. 131.

 

Deixou-nos uma obra formidável, mas tocada pelo excesso, pela ira, pela tensão, pelo colérico. Utilizou a língua para chacota, para se rir de tudo. Um dos motivos pode ser determinado pelos recalcamentos educacionais, mas outro, não menos importante, foi o meio em que viveu: "a Babilónia perversa que é Lisboa onde os cães fazem a vida negra aos gatos".

 

Em 1893, casa-se com uma abastada proprietária de Cuba, ainda sua parente, mas enviuvou onze meses depois, vivendo os últimos anos da sua vida com o desafogo material que sempre lhe faltara.

 

As suas principais obras, como crítico de arte e de costumes, são "Os Gatos" e como exímio contista, "Os Contos", "A cidade do Vício", "O País das Uvas".

 

Escreveu também uma grande série de crónicas e impressões e comentários diversos, que se distribuem por vários volumes: "Jornal de um vagabundo" - "Pas quina das", 1890; "Vida irónica", 1892; "À esquina", 1903; "Barbear, pentear", 1910.

 

Após a sua morte, ocorrida em 1911, foram editados os títulos: "Saibam quantos..." - Cartas e artigos políticos -, 1912; "Estâncias de arte e de saudade", 1921; "Figuras de destaque", 1924; "Actores e autores" - impressões de teatro -, 1925.

 

Os seus contos procuram apreender o lado mais impressionante da miséria ou do sofrimento, e o assunto, muitas vezes, são casos mórbidos. As inúmeras crónicas que escreveu são muitíssimo irregulares quanto ao mérito. Não podem, de forma alguma, ser comparadas com "As farpas", de Ramalho Ortigão.

 

Embora a sua escrita se paute pelo mordaz, ele era muito sensível à ternura: deixava-se embalar por sentimentos que se refletem na sua obra, que é de uma beleza extraordinária. Tinha um conhecimento profundo da nossa língua; por isso, a enriqueceu grandemente, introduzindo-lhe novos e arrojados meios de construção, neologismos e nacionalização de termos expressivos.

 

A memória de Fialho de Almeida perdura na vila de Cuba:

- no nome dado ao principal foco de cultura do concelho - Escola Fialho de Almeida;

- no monumento mandado erigir pelo Município no Largo Fialho de Almeida e bem junto ao Centro Cultural;

- na casa, rua João Vaz, onde viveu os últimos anos da sua vida e onde morreu de uma morte um quanto nebulosa;

- na mesa da Horta da Graciosa, lugar de trabalho literário e de repouso;

- no pequeno, mas valioso museu, no Centro Cultural;

- no painel de azulejos trabalhados pelos alunos da Escola e fixado numa parede bem visível da Escola Fialho de Almeida.

- no mausoléu encimado pelos gatos, no Cemitério de Cuba.

Inauguração do Museu Literário Casa Fialho d'Almeida

Localizada bem no centro da vila de Cuba, a casa que no final do século XIX foi a residência de Fialho de Almeida abriu portas ao público, no passado dia 10/06/2019, como Museu Literário dedicado à vida e obra do autor.

A casa, conservada e adaptada com o intuito de devolver à memória coletiva o escritor e o seu importante contributo para a literatura portuguesa, apresenta-se agora como Museu Literário “Casa Fialho d'Almeida”, assente em três espaços distintos. Naquela que era a área de habitação encontra-se o espaço museológico dedicado às várias esferas da vida pessoal e profissional de Fialho de Almeida, enquanto nos casões adjacentes à casa o foco vai para a ruralidade e para a etnografia, temas recorrentes na escrita do autor.

Destaque-se, por exemplo, a existência de uma pequena adega no quintal, com a designação de “País das Uvas”, numa referência à obra de 1946 de Fialho de Almeida. A par destas áreas, a “Casa Fialho d'Almeida” tem ainda um espaço reservado para a residência temporária de artistas, que ali queiram permanecer e desenvolver as suas obras.

Voltar
bottom of page